sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Instabilidade política e pobreza marcam a história do Haiti

Da Redação Yahoo!Brasil

Colônia da França no Caribe, o Haiti era mais uma peça do sistema mercantilista da Idade Moderna. O país - arrasado por um terremoto de 7 graus na Escala Richter, em 12 de janeiro deste ano - era grande produtor de açúcar, enquanto consumia os produtos e engordava o caixa da metrópole. O impacto da Revolução Francesa de 1789 deu fôlego a movimentos pela libertação do Haiti.

A singularidade da independência do Haiti - primeira república negra do mundo e a segunda das Américas, após os Estados Unidos - está no fato de ter sido conquistada por um movimento de escravos, tendo à frente o líder negro Toussaint Louverture, em 1804. Após a prisão de Louverture por tropas francesas, Jean-Jacques Dessalines passou a liderar a nação e ajudou a consolidar a independência.

Na sequência, 70 ditadores diferentes comandaram o país. Em 1915, o presidente americano Woodrow Wilson enviou tropas para tentar restabelecer a ordem no Haiti. O país foi ocupado por 20 anos. Depois disso, novos ditadores tomaram o poder. O mais célebre - e sanguinário - foi François Duvalier, o Papa Doc. Eleito em 1957, perseguiu a Igreja Católica, reescreveu a constituição em 1964 e se declarou presidente vitalício. Morreu em 1971 e foi substituído pelo filho de 19 anos, Jean-Claude, o "Baby Doc".

Ele ficou no poder até 1986, quando, diante de imensa pressão popular, declarou estado de sítio e asilou-se na França. Diversos golpes de estado vieram a seguir. Em 1990, eleições livres foram realizadas e vencidas pelo padre esquerdista Jean-Bertrand Aristide. Ele acabou deposto em novo golpe no ano seguinte.

Em 1993, a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OEA (Organização dos Estados Americanos) impuseram uma série de restrições econômicas ao Haiti, visando a retomada das negociações para a volta da democracia. Em setembro de 1994, uma força multinacional, liderada pelos Estados Unidos, entrou no Haiti para reempossar Aristide. Os chefes militares haitianos renunciaram a seus postos e foram anistiados. Mas a instabilidade política persistiu.

Em 2004, conflitos armados se instalaram no norte do país e rebeldes ameaçaram tomar a capital. Aristide deixou o governo, asilando-se na África do Sul. Considerando que a situação no Haiti ainda constitui ameaça para a paz internacional e a segurança na região, o Conselho de Segurança da ONU decidiu estabelecer a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti) em junho de 2004. Sob liderança do Brasil, o efetivo autorizado para o contingente militar é de mais de 7 mil homens de países como Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Coreia do Sul, Equador, Estados Unidos, França, Filipinas, Guatemala, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Sri Lanka e Uruguai.

Dos quase 9 milhões de habitantes, 80% vivem abaixo da linha da pobreza. O açúcar, principal produto de exportação desde o século 17, perdeu espaço com a concorrência de outros países exportadores, como o Brasil. Nos últimos anos, empresas multinacionais, principalmente têxteis, se instalaram no Haiti atrás de mão de obra barata.

O Haiti aparece no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) relativo a 2008 na 148ª posição, sendo a nação mais pobre das Américas, com uma expectativa de vida de 60,78 anos e analfabetismo atingindo 52,9% da população.

No ano passado, o Haiti foi bastante afetado por furacões e tufões, que destruíram parte da já combalida infraestrutura local. Também foi um dos mais atingidos pelas altas recentes nos preços dos alimentos por todo o mundo, o que provocou uma série de protestos da população local em 2008.

Haiti em números

Área: 27,7 mil km2

População: 9 milhões

Língua oficial: francês e crioulo

Religião: católica, protestante e vodu

Independência: 1º de janeiro de 1804

Expectativa de vida: 60,7 anos

Moeda: gourde

PIB: US$ 11,5 bilhões

População abaixo da linha da pobreza: 80%

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