domingo, 9 de maio de 2010

Presente de Dia das Mães é 'dinheiro gasto à toa', diz filho

Paula Leite - Do G1, em São Paulo

Quem conversa com o empresário Carlos Marcovici fica com a impressão de que ele ama sua mãe. Mas quem o encontrar neste domingo pode duvidar disso, já que ele não dá presente para a mãe no dia delas.

O Dia das Mães é uma das datas mais importantes para o comércio no ano, e pesquisa da Fundação Getúlio Vargas aponta que a maioria dos consumidores pretende gastar mais de R$ 50 no presente da mamãe. Mas tem gente, como Carlos, que prefere não presentear nesta data.

“Há muitos anos que não dou presente. No dia que eu precisar que alguém me lembre que tenho mãe, eu já estou morto”, diz o empresário.
Bem-humorado, ele diz que “tira sarro” de quem vai a restaurantes lotados no domingo das mães. “Minha mãe aceita bem a minha decisão. Ela sabe que meu respeito e meu amor por ela é o ano inteiro”, conta Carlos.

O empresário conta que há cerca de 15 anos ele teve uma discussão com a mãe sobre a questão do Dia das Mães e enviou a ela uma carta explicando sua filosofia. “Desde então, estamos tranquilos com relação a isso. Eu dou presente, mas é espontâneo: outro dia, estava no carro com minha família e vi uma floricultura, aí parei e comprei flores para minha mãe e minha filha”, diz ele.

Carlos tenta convencer seus próprios filhos da sua visão a respeito do Dia das Mães, mas diz que, se eles querem sair com a mãe, ele vai também. “Vira um dia de consumo, não tem onde estacionar, onde comer. Eu sei que uma ligação, uma visita a minha mãe vale um ano de presentes.”

Outros valores

O professor universitário Elisson Andrade tem uma visão semelhante, mas pensa também no lado financeiro. “Temos muitos gastos com presentes e lembrancinhas, porque tem muitas datas comemorativas e muitas pessoas que a gente gosta. Eu não dou presente nestas datas, é um dinheiro gasto à toa”, acredita ele.

“Existe uma obrigação social de dar presente. Eu acho um desperdício, você gasta dinheiro que às vezes não tem ou não pode gastar para comprar uma coisa que a pessoa não precisa”, resume ele.

Com relação a sua mãe, ele diz que ela “não liga para isso”. “Ela liga de eu telefonar, de ir almoçar com ela. Não é isso [o presente] que mostra o amor que eu tenho por ela. Se ela quiser ou precisar de algo, eu compro para ela”, conta Elisson.

O professor universitário diz que também compra presentes para a mãe no resto do ano quando vê algo que sabe que ela vai usar ou que gostaria. “Quando viajo, compro doce de laranja, que sei que ela gosta”, diz ele.

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